Ao acompanhar o pronunciamento de posse de Luís Inácio Lula da Silva neste último domingo (01), algo chamou muito atenção da população, pois durante a leitura de várias folhas no parlatório, de forma inesperada o socialista chorou quando tocou no tema fome e miséria. É importante compreendermos que a atitude do petista não trouxe nenhuma comoção a sociedade brasileira, somente a sua turma que estava presente no local da cerimônia de posse. Nos governos do PT de 2002 à 2015, foi notório que a desigualdade não caiu no Brasil, mas houve uma maior concentração de renda no topo da pirâmide.

Segundo estudo que analisou o crescimento real do PIB por mandato presidencial, Lula não passa da 19ª colocação dentre os 30 presidentes brasileiros no tocante ao desempenho econômico. Dilma, então, teve a 3ª pior performance, vencendo apenas Fernando Color e Floriano Peixoto. O trabalho publicado pelo Instituto de Economia da UFRJ, concluiu ainda que cerca de 90% da brutal queda do PIB per capita no governo petista de Dilma Rousseff, deveu-se a falhas de governo. É claro que o Brasil até cresceu no período aqui analisado. Porém, de modo medíocre. Como pode então Lula e o PT defender o combate à fome, à miséria, com um passado desses?

Povo brasileiro, é relevante notarmos que entre os governantes sempre há uma tendência em voltar suas falas para essa faixa da população, seguramente a mais numerosa. Explicação plausível em relação a políticos oportunistas, que sempre se valem dos votos conquistados nas faixas dos esperançosos; estes, acessíveis a promessas, mesmo que travestidas de toda falsidade. Mas, o que nem sempre fica bem claro é a verdade que está acima de tudo: acabar com a pobreza é exatamente o que eles não querem, visto que, isso resultaria na eliminação de sua principal fonte de votos. Entendem que é preciso manter a pobreza viva e reivindicante, para continuar sendo enganada eleição após eleição. Cruel e desumano, porém é assim mesmo. Incensa-se o necessitado, a ele tudo se promete, o paraíso das picanhas, a cervejinha gelada, o milagre da casa para todos, a vitória sobre os ricos (se estão fora do poder), a bênção para os jovens bandidos que roubam celulares. Só não se promete acabar com a generosa fonte eleitoral.

Isto é bem entendido no Tratado dos Sofistas, de Jeremy Bentham (1748-1832). “A insinceridade de muitos que costumam exibir-se como representantes dos pobres é manifesta. É quando o político, sendo rico ou vivendo como rico, se apregoa representante dos interesses dos pobres, mas o que pretende é conservar a riqueza, advogando a causa dos infelizes”. No Brasil, diante de experiências populistas várias, nunca se sabe se a maior miséria dos pobres está na própria pobreza ou por serem vítimas constantes da exploração de falsos protetores. Enganações desse tipo são antigas. Quem leu Mateus e Marcos nos Evangelhos, pode se lembrar que, no jantar com Jesus, em Betânia, o autor do falso discurso em favor dos pobres foi Judas Iscariotes, ladrão e traidor. A história sempre recomenda prudência quando se trata com falsos heróis de classes sociais menores. As falsidades se repetem. E também frequentam os nossos dias.
Por Jornalista Júnior Santos